Theatre Play 3 Mozambique – We won’t give up

De: Dadivo José e Jércia Chambal

Título– Não vamos desistir

Personagens:

Januário– 42 anos, pescador e teimoso. Casado, tem dois filhos e a mulher esta grávida

Jeremias– pescador, 40 anos, moderado

Amélia- 38 anos, esposa de Januário, doméstica e está grávida

Rosalina– 70 anos, curandeira

Tembe – 45 anos, Líder Comunitário.

Na zona da praia, Amélia canta enquanto lha para o barco la de longe. Chega a Rosalina e junta-se a ela. 

Rosalina – heee minha filha. Cantar enquanto se está de barriga é uma das melhores formas de transmitir talento ao bebé. 

Amélia– Jura? Haaaa, se assim fosse falava sempre de dinheiro e o meu filho nascia rico.

Rosalina– depois ficava um desgraçado preguiçoso por ter tudo. Talento é coisa da natureza. Recebemos e depois temos que saber transformar em riqueza. Aqui por exemplo, temos riqueza que atrai pessoas. Só temos que saber transformar em coisa que nos dá dinheiro e boa vida.

Amélia– vamos falar mais vezes sobre isso. Gosto muito de conversas que trazem soluções. Problemas já sabemos quais são… olha ali o outro nosso problema. O senhor secretário.

Rosalina– é hoje mesmo que eu falo com ele.

Tembe– Boa tarde minhas senhoras. É sempre uma luz inspiradora ver as vossas caras lindas. Mãe Rosalina, a idade e o tempo a tornam cada vez mais formosa das mulheres da nossa ilha representante do sol nascente, e … a bela musa pertencente ao mais carismáticos dos nossos pescadores

Mamana Rosalina- Sr. Secretário do bairro, que tal conversarmos sobre a situação da nossa comunidade? Sabia que mais da metade das meninas que estavam matriculadas na escola secundária desistiram da escola por falta de condições? Que os rapazes andam a deriva por não ter algo por fazer? 

Tembe– Realmente mamã as coisas não são as mesmas, mas … olha ali o barco chegando. Dona Rosalina, vamos marcar uma reunião da comunidade para discutirmos esse assunto. Agora tenho que ir ver como foi a receita do barco.

Mamana Rosalina – Só acho que o nosso secretário não esta para servir a comunidade.  

Tembe- Eu, na qualidade de autoridade local, posso ajudar comunicando e reunindo todas as partes envolvidas de modo a expor essa preocupação de forma legal.

Mamana Rosalina- eu mesmaao sair daqui, vou ajudar a falar com a comunidade sobre a reunião.

Tembe- Obrigada mamã vemo-nos na Reunião. (meio irónico).

Amélia– bem, a minha mercadoria já chegou. Vou lá buscar. Já deu para ver que com aquele senhor não vamos ter solução. 

Canção de transição de I cena para a segunda, que será a reunião com os aldeões. 

Januário – Hoooo meu amigo e companheiro de trabalho Jeremias, como está?

Jeremias- compadre, eu vou bem de saúde. Que milagre te ver aqui na reunião, normalmente a Amélia é que tem participado dessas coisas?

Januário – sabe meu amigo, hoje vim aqui acompanhar minha esposa porque quero falar tudo, estou cansado dessa gente, hoje eles vão ter que me ouvir bem….

Jeremias- Calma meu amigo, não é assim que se resolvem as coisas, você é livre de opinar, mas tem que agir com sabedoria para que as coisas possam-se resolver da melhor maneira possível. Afinal, todos nós temos assuntos em comum que nos inquietam e precisamos de respostas.

Januário: já estás para começar, por isso prefiro que a minha mulher venha me representar para evitar esse tipo de conflitos, para vocês eu não penso, nem?

Jeremias: Nada disso meu amigo. Não se enerve que a reunião ainda nem começou….

Mamana Rosalina- Meus filhos não me digam que já estão a discutir outra vez?

Jeremias- Nada disso mamana, estávamos só a conversar. Não é meu amigo?

Januário – É verdade.  Era só uma conversa de amigos. Jeremias, diga uma coisa, o material que encomendamos para o nosso barquinho já chegou? 

Jeremias– acabam de me dar sinal que chegou. Também teremos uma fonte alternativa quando a época da pesca tiver fechando. Vamos usar o barquinho de transporte de mercadorias do mar para terra firme. 

Mama Rosalina– vocês merecem meus filhos. 

Januário– e hoje estou ansioso por falar tudo. Eu acho que a minha mulher não diz tudo que falamos la em casa quando está cá.

Mamã Rosalina – Entendo meu filho, mas tem que ficar calmo de modo a sairmos todos satisfeito daqui. 

Tembe- bom dia a todos, tomei a liberdade de marcar essa reunião, resultado das preocupações que nos têm afectado, que até hoje não temos nenhuma …

 Todos- verdade, estávamos a precisar dessa reunião…

Nhaka – Bom dia meus senhores e senhoras, quando soube dessa reunião fiz questão de vir pessoalmente para tirar o peso das minhas costas, afinal de todas tentativas feitas aqui da minha parte sempre foram em vão. Falei com os antepassados, dei vinho, dei thothotho, dei cabritos, vocês mesmo contribuíram para a entrega de uma cabeça de boi.

Januário- foi uma vaca, senhor Nhaka. Boi não pode emprenhar, por isso nunca ia dar resultado phahlar com um macho.

Nhaka– o facto é que todas coisas que me obrigaram fazer por ser o legitimo representante dos Nhaka, nunca trouxeram os resultados que todos esperam e sempre me apontaram como quem não colabora.

Januário- mas é verdade  que quando precisamos de ti, vens sempre contrariado. 

Tembe- vamos acalmar os ânimos afinal não estamos para trocarmos acusações. Queremos solução dos nossos problemas.  Alguém com uma opinião?

Amélia- eu vou falar

Tembe- fala, bela Amélia

Januário- fala, bela Amélia, esposa de terrível Januário.

Amélia-obrigado pelos elogios, cavalheiros. Realmente, faz muitos anos que cai na rede de pesca do senhor Januário e de lá nunca mais sai. É no barco dele que vamos multiplicando os peixes da nossa família. Aqui dentro desta barriga carrego mais um bebé do meu belo pescador. Entretanto, a pesca e a agricultura já não dão tudo que tínhamos antes.  Eu acho que temos que parar de olhar apenas para pesca, turismo e agricultura, como a únicas formas de ganhar a vida e procurar estudar outros meios, só assim podemos minimizar essa situação.

Jeremias- Está certa dona Amélia, mas também o governo tem que ajudar, porque a população sozinha não consegue fazer nada sem apoio.

Tembe– senhor Jeremias, estou dirigindo a reunião. Tem que ficar a espera que lhe de a palavra.

Januário- eu estou aqui na reunião para falar e não para mendigar a palavra. Se o meu amigo Jeremias se cala, eu falo. Tenho uma pergunta apenas. Afinal aquele barco, serve para interesses de que? 

Tembe – senhor Januário, não me parece este o lugar ideal para falarmos disso.

Mama Rosalina- e qual seria o lugar ideal? Afinal o nosso governo não é pela trasf… tasp…

Nhaka– transparência, senhora Rosalina, uma forma de gestão em que o povo fica sabendo das acções do governo, ganhos e perdas, principalmente quando se trata de um bem público e comum, como aquele nosso barco.

Tembe- senhor Nhaka, estás a incitar o povo. As coisas devem ser entendidas de forma clara.

Amélia- senhor Tembe, é simples. Diga que o nosso barco circula duramente quantos dias, quanto faz, quanto gasta com combustíveis, manutenção  e pagamento dos funcionários. Depois diz-nos quanto resta e para onde vai.

Januário- obrigado minha esposa. Não estamos querer dizer que vamos olhar só para aquele barco. Por exemplo, eu e o meu amigo Jeremias estamos a organizar o nosso barco para que possa ser usado para transportar a carga durante a época em que a pesca fecha. Nos não temos ponte cais aqui em Inhaca. Isso esta sendo benéfico para os homens dos barquinhos.

Jeremias- Há uma coisa que se faz hoje em dia. Podemos também organizar melhor o nosso mercado e vendermos também artigos para turistas. Para isso, temos que falar com os nossos filhos que entendem dos computadores para colocar a nossa ilha bonita nas coisas de internet. Podemos fazer passeios de barcos e mostrar muitas outras zonas bonitas e ganhar algum dinheiro.

Amélia- eu e as outras mulheres podemos aproveitar pratos típicos daqui e colocarem aí nas vossas internets e as pessoas podem vir comer aqui. Pessoas gostam de moda e podemos fazer da nossa ilha uma moda.

Jeremias- e eu ainda acho que a estacão da biologia pode também colaborar connosco.

Januário- podem, mas esses de governo devem deixar tudo transparente. Se não concordar connosco, greve.

Todos: Hummm papá não diga isso, é feio.

Mamana Rosalina:  já te falamos que a violência não nos leva a lugar algum, há sempre uma forma de resolver as coisas de forma pacífica meu filho.

Amélia: Eu até já comentei com o meu marido em casa numa conversa, já que algumas pessoas têm uma banca, porque não investir em material artesanal, quando a época pesqueira fecha assim a banca não fica a pagar impostos em vão.

Nhaka: Essa mamã e o marido dela parece estarem a trazer uma visão diferente. Devemos começar a abrir a vista para outros negócios e formas de ganhar a vida.

 Todos: Humm  então diga nos quais são essas formas?

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